O IMPARCIAL
Diego Emir
Marcus Saldanha

Benedito Mamede, presidente do SET (Sindicado das Empresas de Transporte de Passageiros) disse que nos últimos meses 30 ônibus novos saíram de circulação e foram substituídos por antigos por falta de pagamentos. O empresário ainda anunciou sobre o risco de uma paralisação no início de 2013. "Não somos a favor de aumentos de tarifas, mas o prefeito só pagou uma parcela e deixou 7 em aberto. Edvaldo Holanda Jr (PTC), vai ter problema no segundo dia de mandato, por conta dessas parcelas", revelou.
Porém antes da fala dos empresários, a vereadora Rose Sales (PCdoB), que propôs a Audiência, destacou a necessidade de tornar público como a atual gestão municipal está deixando o sistema de transporte de São Luís: "Estamos na iminência de pipocar uma parada no sistema de transporte. Essa gestão está deixando uma bomba para São Luís".
O caso é grave e vai além de uma questão política, como acentuou a promotora Lítia Cavalcante: "As empresas estão falidas. A população acha que a culpa é dos empresários. Aqui no Maranhão não. O equilíbrio financeiro proposto pela prefeitura não foi cumprido. As empresas maranhenses não têm condição de concorrer em licitações com empresas de fora. Além disso, São Luís é a capital com maior índice de gratuidade do Brasil e muitas empresas que fizeram financiamentos, estão devolvendo os veículos.", elencou.
Desde a gestão do prefeito Tadeu Palácio, donos de empresas de transporte coletivo aceitaram manter as tarifas sem aumento e comprar novos ônibus, desde que prefeitura mantivesse um subsídio. Assim acontece na cidade do Rio de Janeiro, onde a prefeitura subsidia R$1,10 dos aproximadamente R$2,20 da passagem.
O problema é que o município não tem condições de manter este subsídio e diante dos casos de fraudes tanto na emissão de carteiras de meia entrada, quanto na de passes livres (atualmente 22% dos usuários) e sem aumento de tarifas há anos, o sistema pode parar.
Posicionamento - O atual Procurador da Câmara Municipal de São Luís, Samuel Melo fez uma análise do problema reforçando a dificuldade em que se encontram as empresas de transporte de passageiros de São Luís: Alta tributação de combustível, a não renúncia do ICMS do Estado em combustível e peças automotivas e a briga Estado-Municipio. Além disso, 50% do IPVA que o município arrecada poderia ser maior se as grandes empresas emplacassem seus automóveis na capital, e não em outros Estados. Segundo ele: "A prefeitura só arrecada 23% do que gasta, o resto é federal", portanto, mais uma prova de que o subsídio é inviável.
Os usuários, obviamente são contrários ao aumento de tarifas e reclamam da qualidade do serviço oferecido na cidade: "Nós que tomamos ônibus todos os dias sofremos humilhação para chegar ao nosso trabalho", diz Manuel Ferreira, Pres. Assoc. de Moradores do Sacavém e usuário de transporte público. Mas também reconhecem que o problema vai além, como no caso da área Itaqui- Bacanga. São 58 bairros, 185 mil habitantes, com crescimento vertiginoso nos últimos 15 anos. "Temos que discutir a mobilidade urbana como um todo. O aumento de passagens tem que ser de acordo com a melhoria dos transportes", defende Josiel Silvestre, Pres. Assoc. Comunitária do Itaqui-bacanga.
Nesse ponto parece haver um consenso: O aumento de tarifas tem que corresponder a melhorias no sistema. Fortaleza, por exemplo, estabeleceu o reajuste anual, que será agora em dezembro. Teresina recentemente aumentou sua passagem, equiparando-se a São Luís, porém lá não existem Terminais de Integração. Lembrando que São Luís hoje é a cidade do nordeste que integra usuários.
Além disso, será necessário melhorar a infraestrutura na cidade para tirar do "isolamento" vários bairros, como o Itaqui-Bacanga: "Não adianta aumentar a frota de ônibus se não há ampliação da barragem do Bacanga; da Avenida dos Portugueses; construção de pontes com vias de acesso pelo Tamancão ou Vila Nova e construção de um viaduto na rotatória da barragem". Sugere Isaías Castelo Branco, Vice Presidente das entidades do Pólo da Vila Nova e Secretário Administrativo do Sindicato dos Rodoviários.
O fato é que uma cidade com um milhão de habitantes, mais de 600 bairros e aproximadamente 600 mil usuários de transporte público merecem um sistema de qualidade. Por outro lado, as empresas correm o risco de ter ônibus penhorados, já que muitos foram devolvidos por inadimplência. Afinal, segundo Mamede a prestação de cada ônibus novo custa entre 10 e 12 mil reais. A falência das empresas locais não significará ganho para a cidade. Ou seja, a questão não será resolvida num passe de mágica. A criação de Conselhos e construção de uma agenda de discussão pode ser a primeira boa saída para enfrentar a crise.
Audiência Pública realizada ontem no período da tarde, na Câmara Municipal de São Luís. Por mais de três horas de exposição dos problemas e possíveis soluções para o setor, empresários, requerida em caráter emergencial pela vereadora Rose Sales, presidida pelo Presidente da Câmara, Pereirinha (PSL) e com as presenças da Promotora de Defesa do Consumidor, Lítia Cavalcante, do Presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros (SET), Benedito Mamede; representante do Fórum das Pessoas com Deficiência, Márcio e o Presidente do Sindicato dos Mototaxistas, Josias Ferreira. Além de representantes de associações comunitárias do Sacavém, Itaqui-Bacanga e Cooperativa de Taxi e Transporte da área Itaqui-Bacanga (COOPETTAIB), discutiu o colapso no sistema de transporte público de São Luís.
0 Comentários